quinta-feira, 1 de junho de 2017

01/06/2017 - Momento de Paz (Não ao telemóvel)

Acabei de vir da pastelaria da qual me tornei cliente habitual. Não, não fui comer bolo nenhum, se bem que me apetecia. Já referi que não tenho estado bem, tinha fome mas o meu sistema nervoso não me deixava ter apetite - o meu sistema nervoso é dos melhores, ahahah - mas lá fui, o meu estômago falou mais alto. Decidi não levar o telemóvel para tentar estar um bocado mais em paz. Tenho saudades de ser criança e quase não saber o que é um telemóvel. O meu primeiro era do meu pai, um Siemens A50. Aquilo mal dava para jogar, o meu pai queria outro telemóvel e deu-me esse, eu quase que só o tinha mesmo se fosse preciso ligar para os meus pais, para a minha avó ou outra coisa. Até ao segundo ano do 1º ciclo eu andava em escolas na cidade onde a minha mãe trabalhava mas depois decidimos que eu iria mudar para uma mais perto de casa e onde não necessitava de ATL, às 15h terminavam as aulas e antes das 15h30/16h00 estava em casa em vez das habituais 18h00/19h00. Mesmo estando mais perto de casa, a minha avó praticamente que não podia fazer nada se houvesse alguma emergência, daí o telemóvel. A partir desse fui mudando e preferindo telemóveis mais modernos. Hoje em dia o meu é igual à maioria, não é dos topo de gama mas também não é da gama mais inferior do género - ter um telemóvel que me demora 2h a conseguir pô-lo, finalmente, a chamar para o 112? Não.
Voltando ao início, sei que divaguei...
Sinto saudades de quando era uma criança que só ficava entretida com brinquedos, brincadeiras fosse para que local fosse e a televisão quando estivesse em casa - televisão, bonecas, cães... O telemóvel tomou conta da nossa vida, das nossas relações, dos nossos momentos. Não me lembro qual foi a última vez em que me senti bem em deixar o telemóvel, estar sozinha comigo mesma.
Então, depois de mudar o meu carro de local de estacionamento, fui à pastelaria. Só trouxe mesmo a chave do carro e a carteira. Pedi uma torrada e foi um bocado tortura, foi uma "seca" estar à espera da torrada sem o meu telemóvel para ir ao Instagram. Foi mesmo, ao início. A pastelaria estava quase vazia. Paz. Paz existindo poucas pessoas e pouco barulho, apenas o do rádio, das funcionárias e de uma ou outra cliente. Paz sem o telemóvel. Comecei a respirar, a sentir essa paz e o tormento com o telemóvel começou a desaparecer. Apreciei a forma de agir de um bebé de um ano e tal (provavelmente o tinha), o sorriso dele, dizer-lhe "cucu", vê-lo com o telemóvel da mãe mas só por ter a curiosidade em relação ao objeto, à forma, à cor, ao tacto, não ao entretenimento que aquele objeto, neste caso aquele aparelho, lhe poderia trazer. A mãe não lhe o deu como muitos pais fazem, precisam de se entreter ou parar a birra » toma lá o telemóvel! Não, isso não é o correto, dêem-lhe um boneco. Fui feliz com os meus Nenucos, as minhas Barbies e o meu Action Man (que encontraram no trabalho da minha mãe). Fui feliz assim.
Entretanto a minha torrada chegou e, mesmo queimando os dedos, comecei a apreciar a torrada. Apreciei o momento, a pastelaria ficou ainda mais vazia, apenas as funcionárias de lá e a música da Dua Lipa com o Martin Garrix. Deixei de sentir que precisava do telemóvel. Aquele momento era só meu.
Senti-me bem, quero mais momentos assim. Mais momentos sozinha ou acompanhada mas sem tecnologia que não seja um rádio ou a televisão na VH1. Mais momentos sozinha a apreciar os pormenores que pareçam mais insignificantes do momento. Sozinha mas também acompanhada de um livro. Sozinha mas acompanhada das pestes de quatro patas que amo do fundo do meu coração e incondicionalmente.





O telemóvel acaba por ser bom numas coisas mas, como tudo, se não for com moderação, transforma-se em doença(s), traz-nos doenças, física e mental e obviamente que as doenças mentais trarão doenças físicas. Querem telemóvel para emergências? Vão buscar os vossos Siemens A50 ou outros do género, outros que não vos façam estar tão agarrados a ele por causa das redes sociais e afins. Querem dar um telemóvel a uma criança para brincar? Dêem esse Siemens A50, Nokia 3310 (o antigo), o vosso Nokia 5300 ou Sony Ericsson aos miúdos para brincarem "às mães e aos pais" como se brincassem com aqueles brinquedos em forma de telemóvel da feira. Dêem esses telemóveis aos vossos bebés para eles se entreterem a descobrir um objeto com a mesma alegria quando lhes dão uma colher ou um brinquedo com "chaves" de tamanhos, formas e cores diferentes para eles os sentirem no peso, ao olhar, no tacto, se o objeto é duro ou mole, essas coisas. Tirem os miúdos de casa e ensinem-lhes a andar de bicicleta, mesmo com trambolhões. As feridinhas e as nódoas negras são muito mais saudáveis para eles do que entretê-los com as aplicações do vosso smartphone. Um dia eles irão vos agradecer por isso.




O Banzé em cima da Estrelinha, a mamã dele 😂



Beijinhos,
AG 💙

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